domingo, 29 de junho de 2008

"Versões múltiplas das relações" ( Natureza e Espirito,pags 31-33 )Gregory Bateson

Gregory Bateson examina a questão dos limites e dá importância ao que limita as «coisas» mas principalmente ao que limita o próprio ser.
Começa por questionar-se acerca da existência de uma linha á qual «dentro» dessa linha estou «eu» e «fora» qualquer outra pessoa ou até mesmo um ambiente; questiona-se também acerca do direito que temos em fazer tais distinções.
É evidente que «dentro» e «fora» não constituem metáforas apropriadas á inclusão e á exclusão quando falamos de ser.
O espírito não contém coisas, não contém pessoas nem qualquer outra coisa que tenhamos mas somente ideias. Duma forma semelhante o espírito não contém nem tempo nem espaço, mas somente «ideias» de tempo e espaço.
Os limites do indivíduo, se é que existem, serão, não limites no espaço, mas qualquer coisa parecida com sacos que representam conjuntos dentro de diagramas teóricos.
Para além disso, pretende concentrar-se na espécie de «receita de informação», (a que nós chamamos de aprendizagem), que é a aprendizagem do «ser» de forma a resultar nalguma «alteração» do «ser». Particularmente, irá observar as alterações nos limites do ser, talvez até, a descoberta de que existem limites, e que o centro, talvez, não exista.
«Como é que nós adquirimos estes conhecimentos ou sabedorias (ou asneiras), através dos quais, nós próprios – com as nossas próprias ideias sobre o ser – nos podemos modificar?»
Em resposta desenvolveu duas noções: uma que afirmava que a unidade de interacção e a unidade de aprendizagem caracteriológica são o mesmo.
É correcto começarmos a pensar as duas partes da interacção como dois olhos, cada um dando uma visão monocular do que acontece e, juntos, proporcionando uma visão binocular em profundidade. Esta visão dupla é a relação.
A relação não é interior ao sujeito. Ao falarmos de «dependência», de «agressividade», de «orgulho» apercebemo nos que estas palavras teem origem naquilo que acontece entre as pessoas, e não numa coisa ou outra dentro da pessoa.
Evitamos explicações dormitivas se nos agarrarmos bem á primazia e prioridade da relação.
Não se chegaria a um comportamento orgulhoso apoiando se no «orgulho» do individuo, assim como não se podia explicar a agressão apoiando se na «agressividade» instintiva.
O mesmo acontece com «dependência», «coragem», «comportamento passivo-agressivo», «fatalismo» e outros semelhantes.
Fomos ensinados a considerar a aprendizagem como uma questão de duas unidades: o professor «ensinava» e o aluno «aprendia». Mas este modelo linear tornou se obsoleto
quando conhecemos os circuitos cibernéticos de interacção. A unidade mais pequena de interacção contém três componentes (estimulo, resposta e reforço).
Existe uma aprendizagem do contexto, uma aprendizagem que é diferente daquilo que os experimentadores vêem. E esta aprendizagem do contexto nasce a partir de uma espécie de descrição dupla acompanhada pela relação e pela interacção.
Além disso, tal como todos os motivos de aprendizagem contextual, estes motivos da relação são autoconfirmados.
Em forma de resumo compreendemos agora que a mecânica das relações constitui um caso especial de descrição dupla e que a unidade da sequência de comportamentos contém, pelo menos, três componentes.

Realizado por: Filipa Araújo nº52318

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