domingo, 6 de julho de 2008

O beijo da morte


"Why do schools teach almost nothing of the pattern which connects? Is it that teachers know that they carry the kiss of death which will turn to tastelessness whatever they touch and therefore they are wisely unwilling to touch or teach anything of real-life importance?"
(Gregory Bateson, Mind and Nature. London, Wildwood, 1979)

"No nosso sistema de ensino, o professor ideal é apenas um "transmissor de conhecimento". Elephant talk. Os alunos provavelmente sairão dali sem ter aprendido a pensar, porém sabendo um monte de teorias, e provavelmente confundirão "saber um monte de teorias" com "pensar". Os professores, por sua vez, se sentirão muito cômodos repetindo teorias (pensar lhes traria muitas rugas). Esse sistema de ensino é o que Gregory Bateson chamou de "beijo da morte".

Diante desse quadro, o pensador tem ao menos duas alternativas. Ele pode trabalhar os problemas por conta própria, diretamente, sem referir-se necessariamente aos outros pensadores que o forçaram a pensar aqueles problemas, mas nesse caso ele dificilmente se tornará um professor, e é provável que não seja levado a sério (se chegar a sê-lo) senão depois de morto; ou ele pode mascarar os "seus" problemas nas referências a outros autores, capturando assim o desejo daqueles alunos que têm "sede de saber" (pelas referências), mas também o desejo daqueles que querem pensar (pelos problemas neles mesmos). As duas saídas são igualmente vitais, mas a segunda é sem dúvida mais engenhosa, pois torna o pensador imune aos ataques dos que não suportam que se grite que o rei está irremediavelmente nu."

http://triagem.blogspot.com/2006/01/cultura-e-morte-hors-numrotage.html